Se você se sentiu como Carol Sturka (Rhea Seehorn) nos primeiros episódios de Pluribus, gritando para o vazio “Que merda está acontecendo?”, bem-vindo ao clube.
A nova série de ficção científica de Vince Gilligan, mestre em construir narrativas complexas em Breaking Bad e Better Call Saul, nos lançou em um mundo onde quase toda a população foi infectada por um misterioso vírus que induz a um estado de paz e satisfação coletivas.
O evento, que resultou na formação de uma única e vasta mente coletiva, levanta questões urgentes: qual é a origem desse agente? O que ele faz exatamente? E qual o papel de Carol e dos poucos imunes neste novo mundo? Vamos destrinchar os fatos e as incertezas reveladas até agora.
De onde veio o vírus da felicidae em Pluribus?
O vírus ‘Pluribus’ (ou, como o coletivo o chama, o agente da “Junção”) não veio da Terra.
- O Sinal a 600 Anos-Luz: A jornada começa quando astrônomos detectam um sinal misterioso vindo de 600 anos-luz de distância. A grande surpresa é que essa transmissão não era uma mensagem linguística, mas sim uma mensagem molecular.
- O RNA Estranho: O sinal era composto por quatro tons, cada um correspondendo a um nucleotídeo: guanina, uracila, adenina e citosina—os blocos de construção do RNA. Ou seja, a transmissão era essencialmente uma receita viral.
- A Recriação Humana: Cientistas do Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos conseguiram recriar essa sequência. Eles a identificaram como um vírus lisogênico, o que significa que seu material genético tem a capacidade de se incorporar ao DNA do hospedeiro.
- A Disseminação: Após meses de testes infrutíferos em animais, o caos se instalou quando o vírus foi transmitido a um humano através da mordida de um rato. A partir daí, o contágio acelerou através de beijos, lambidas em rosquinhas e outras formas de contato, resultando na pandemia mais feliz já registrada.
Alienígenas ou “Beneficiários de Tecnologia”?
Embora a tecnologia tenha origem extraterrestre, os infectados rapidamente esclarecem a Carol (que inicialmente suspeita de uma invasão): não há alienígenas na Terra.
Falando através do Subsecretário do Departamento de Agricultura dos EUA, Davis Taffler (Peter Bergman), o coletivo se autodenomina “beneficiários da tecnologia extraterrestre”.
O mistério persiste: Quem originalmente desenvolveu e enviou essa sequência de RNA? É uma forma de reprodução ou apenas um presente (ou maldição) deixado cair sobre a Terra? A resposta a essa pergunta é crucial para entender a natureza e o futuro da Junção.
O efeito do vírus: uma mente coletiva
O agente molecular não é um vírus comum. Davis explica que se trata de “uma espécie de cola psíquica capaz de nos unir a todos”.
- A Junção: Com exceção dos 12 humanos não afetados, a humanidade agora opera como uma gigantesca mente coletiva.
- Acesso Total: Os membros do coletivo podem acessar os pensamentos e sentimentos de todas as outras pessoas unidas, e até mesmo reter informações de quem brevemente fez parte do coletivo antes de falecer, como Helen (Miriam Shor), a parceira falecida de Carol. No entanto, eles não conseguem ler a mente de Carol ou dos outros 11 imunes.
O preço da união: as mortes na Junção
Helen foi uma das 886 milhões de pessoas que morreram durante o evento inicial da Junção.
- Mortes Não Intencionais: Zosia (Karolina Wydra) revela que, inicialmente, a transmissão era furtiva e não letal. A calamidade e as centenas de milhões de mortes ocorreram porque, assim que os militares descobriram os infectados, estes aceleraram a disseminação, resultando na perda de vidas.
- A Nova Moral: As mortes não foram um ato de maldade, pois Zosia afirma que os infectados não são capazes de matar, nem mesmo quando se trata de alimentação (o que implica uma mudança radical no comportamento alimentar global).
O poder involuntário de Carol e o dilema existencial
O segundo episódio revelou que a Junção não está totalmente protegida, e o poder de uma não-infectada pode ser catastrófico.
- Convulsões Globais: Quando Carol expressa sua raiva profunda e justificada contra Zosia, a acompanhante começa a tremer incontrolavelmente. Carol logo percebe que isso está acontecendo com todos em Albuquerque, e na verdade, com todo o mundo infectado.
- O Holocausto Emocional: O resultado foi a morte de 11 milhões de infectados. Zosia explica: “Se [as emoções negativas] são direcionadas diretamente a nós, podem ser um pouco difíceis de suportar”.
- O Impasse: Carol está furiosa com o que foi feito ao mundo, mas sua fúria é, literalmente, uma arma de destruição em massa. Isso cria o dilema central de Pluribus: Carol tem um poder imenso sobre o coletivo, e a paz do mundo depende de sua infelicidade ser contida.
A imunidade de Carol e o “imperativo biológico”
A Pesquisa: Ninguém sabe por que Carol e os outros 11 humanos restantes não foram afetados, mas o coletivo está trabalhando para descobrir.
O Conflito de Autonomia: A propagação para os não-infectados é um “imperativo biológico” para o coletivo, tão essencial quanto respirar. Se encontrarem uma solução, a Junção fará o que for preciso para integrar Carol. Isso entra em conflito direto com as garantias do coletivo de que Carol tem autonomia sobre sua vida.
A questão é: a autonomia realmente existe se ela puder ser revogada a qualquer momento por uma necessidade biológica?
O vírus tem cura?
Carol, naturalmente, quer saber se existe uma cura para reverter a Junção.
Até agora, não há um caminho claro para reverter o processo. Além disso, os poucos sobreviventes que Carol encontrou não parecem interessados em colaborar com ela na busca por uma solução.
No entanto, com as reviravoltas engenhosas que Gilligan nos apresentou até aqui, é certo que o restante da temporada trará mais revelações surpreendentes sobre a natureza deste vírus, a ética da felicidade coletiva e a luta desesperada pela individualidade.

